Terminei o mês de março indo ao Expo co.dorna | X CASA, evento em que artistas expõem os mais diferentes trabalhos. Entre pinturas e vídeos fui ver o que considerava a atração principal: a performance de Raphael Couto, amigo das antigas, desde os tempos da Escola de Belas Artes.
Fui vê-lo, pois já tinha que presenciar fisicamente alguma das suas performances, algo que ele trabalha há algum tempo, e precisava estar ali.


Raphael Couto iniciando sua performance
Raphael foi compacto e visceral, o cenário era apenas cadeira, mesa e espelho e de acessórios linha, agulha e chaves. Ele dispôs sua própria face de base e foi passando agulha e a linha sobre ela e pendurando as inúmeras chaves. Em total silêncio ia compondo seu rosto com as chaves, como fizesse parte de si, e logicamente na ação seu rosto ia saindo sangue, no entanto continuou firme no propósito, e se limpava tranquilamente. Foi o suficiente para causar o choque nos presentes, se não me engano uma menina passou mal com o ato.
Raphael já colocando as chaves sobre seu rosto
É aqui onde quero chegar. A performance artística surpreende e causa impacto, não tem jeito é praticamente 100% dos casos, e as reações do público, especificamente do que não está tão presente no que acontece na arte, são bem negativas, melhor dizendo, reações repulsivas. Raphael não foi extremo como Marcia X, que era a pura provocação em suas performances, misturando símbolos eróticos e religiosos, contudo ele incitou, estimulou com seu próprio corpo a todos ali terem uma atitude. Bocas abertas, fotos mais aproximadas, olhos cerrados? Sim, o objetivo é esse!


Não tem como chamar qualquer amigo para tal obra viva, a performance não é completamente compreendida e digerida, isso falando em termos de Brasil, uma sociedade que ainda engatinha em questão de valores e tantas outras coisas. É complicado de explicar que a performance é arte como uma peça de teatro. É difícil mostrar que mesmo você tendo contato direto ou não com o artista performático em ação, está ali para ser mexida a sua mente, é a legítima interação, muito mais até do que as midiáticas mídias sociais. Mídias midiáticas, redundante, mas é fato inegável. Raphael meu amigo, tenho um recado, continue sendo provocativo!