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Foto de Laura Marques |
Nas celebrações dos 450 anos da cidade do Rio de Janeiro é mais do que tempo para enumerar e fazer um bom apanhado dos símbolos, concretos e abstratos, que formam essas características únicas na Cidade Maravilhosa. E claro, a classe dos garis não poderia nunca ficar de fora desse rol de joias cariocas, além de limparem as ruas com esforço e luta, com sorriso no rosto, eles dão um colorido único e uma luz especial pela cidade.
O Rio é
sui generis, peguemos o exemplo dos táxis, em Nova York, assim como em Curitiba e Londres são fortes bandeiras que representam estas cidades. No território da Guanabara também, os amarelinhos fazem belo papel. Contudo, qual cidade considera como sua força cultural um nicho tão específico de trabalhadores?
Como citado anteriormente o primeiro valor da classe dos garis é serem simpáticos em sua absoluta maioria e trabalham duro, de verão a verão. É um reflexo geral do povo carioca. O outro aspecto é como é intensa a presença deles no ambiente da cidade com o habitual uniforme laranja. Esta indumentária é das mais bem sucedidas soluções em design, fazendo nascer uma icônica identidade e produto de marketing natural para retratar o Rio. O curioso é que até a metade da década de 1970 os garis mal eram notados nas ruas, porque suas vestimentas eram de cor cinza e além de não serem notados pelos habitantes, ocorriam atropelamentos à noite por essa falta de percepção deles.
Quem fez o projeto que revolucionou o visual e proporcionou os trabalhadores serem notados foi o escritório
PVDI Design, fundado pelo célebre Aloísio Magalhães. O trabalho foi diretamente coordenado por
Rafael Rodrigues. Após uma extensa pesquisa de campo, o problema cromático fora detectado, além dos perigos aos profissonais na rua, o cinza predominante escondia a marca da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana, a empresa dos garis). Daí se deu a ideia de vesti-los com tons mais fortes e o laranja se incorporou à identidade visual.
"A ideia principal era dar mais segurança para o trabalho deste gari na rua. Criamos algo inovador: os uniformes eram de cor laranja, com faixas brancas nos braços. Como os garis trabalhavam nas ruas varrendo, as duas faixas, com o movimento dos braços deles, faziam uma espécie de sinalização. Isso diminuiu muito o número de acidentes."
Declarou Rafael Rodrigues ao jornal O Globo
Não bastava apenas mudar o visual dos garis, mas tudo o que é instrumento de trabalho deles, como caçambas e caminhões. Aliado ao bom projeto de marketing da prefeitura, a percepção mudou da água para o vinho e o objetivo estava alcançado, com os cidadãos fazendo os reconhecer de longe. Falando em marketing, outro fator que ajudou a classe a ter mais simpatia de todos foi
Renato Sorriso, que começou a ser percebido no carnaval, limpando a Marquês de Sapucaí aos passos de samba. Ganhou projeção mundial e elevou bastante a imagem do grupo. Renato continua na ativa, sendo o mais famoso gari da história.
O Rio de Janeiro continua lindo, o Rio de Janeiro continua sendo, o Rio de Janeiro é rico de personagens, riquezas naturais, música, cultura e infinitos valores. E os cordiais garis farão sempre parte dessa História tão linda.
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Garis desfilando no dia da Independência, nos anos 80 com o antigo logotipo na caçamba (Divulgação Comlurb) |
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Renato Sorriso, o gari sambista, símbolo da categoria (foto - Jornal do Brasil) |
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Atual logotipo da Comlurb, na prática uma divisão da identidade visual da pefeitura do Rio |
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Atual caminhão, lixeiras e uniformes da Comlurb (Divulgação / Prefeitura do Rio de Janeiro) |
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Lixeiras e uniformes contendo a identidade visual atual da prefeitura carioca, o azul convivendo com o laranja
(Foto de Eduardo Sengès) |
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Renato Sorriso com seus colegas, limpando e animando o Sambódromo (Divulgação / Prefeitura do Rio) |
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